Wikipedia

Resultados da pesquisa

sábado, 21 de dezembro de 2019

SARAU POÉTICO/ Poeta Marcos Santarossa


  OLHAR VIVO


Não bastasse o olhar vivo
Não bastou a carícia:
o olhar venceu o silencio
se espraiou livre.
Fez fluir a vida, insentida
Lampejo em mundo de ilusões.

By Marcos Santarossa

(Urban Arts)

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

A BELEZA E INTROSPECÇÃO NOS POEMAS DO FRANCÊS BAUDELAIRE

A giganta
Pois quando a Natureza, em seu capricho exato,
Gerava estranhos seres raros, dia a dia,
Uma giganta moça – eis do eu gostaria,
Para viver-lhe aos pés com a volúpia de um gato.
Ver seu corpo florir com a flor de sua alma...
E crescer livremente em seus terríveis jogos;
Ver se não teria no peito alguma oculta chama,
Com as chispas molhadas que mostra nos olhos.
Percorrer à vontade a realeza das formas,
Escalar a vertente dos joelhos enormes
E, quando os sóis do estio, à complacência alheios,
Estendem-na, cansada, ao longo da campina,
Dormir descontraído à sombra dos seus seios,
Como abrigo tranqüilo ao pé de uma colina.
.
XIX
La géante
Du temps que la Nature en sa verve puissante
Concevait chaque jour des enfants monstrueux,
J’eusse aimé vivre auprès d’une jeune géante,
Comme aux pieds d’une reine un chat voluptueux.
J’eusse aimé voir son corps fleurir avec son âme
Et grandir librement dans ses terribles jeux;
Deviner si son coeur couve une sombre flamme
Aux humides brouillards qui nagent dans ses yeux;
Parcourir à loisir ses magnifiques formes;
Ramper sur le versant de ses genoux énormes,
Et parfois en été, quand les soleils malsains,
Lasse, la font s’étendre à travers la campagne,
Dormir nonchalamment à l’ombre de ses seins,
Comme un hameau paisible au pied d’une montagne.
– Charles Baudelaire [tradução Décio Pignatari] em “Poesia pois é poesia 1950-2000”. Décio Pignatari. Cotia SP: Ateliê Editorial | Campinas SP: Editora da UNICAMP, 2004, p. 273.
§

sábado, 7 de dezembro de 2019

DOCE NO OLHAR, MAS DISCRIÇÃO AGUÇADA

Eu visitei o poeta
         para Aleksandr Blok
Eu visitei o poeta
ao meio-dia em ponto. Domingo.
Quietude no amplo quarto
e, fora das janelas, o frio
e um sol cor de amoras silvestres,
envolto em névoa hirsuta e azulada…
Com que olhar aguçado o taciturno
anfitrião olhava para mim!
Tinha olhos daquele tipo
de que a gente nunca se esquece;
melhor seria, cuidadosa,
eu não devolver seu olhar.
Mas me lembrarei sempre da conversa,
o meio dia nevoento, domingo,
naquela casa alta e cinzenta,
junto aos portões do Nevá para o mar.
janeiro de 1914
.
“Я пришла к поэту в гости…”
Александру Блоку
Я пришла к поэту в гости.
Ровно полдень. Воскресенье.
Тихо в комнате просторной,
А за окнами мороз.
И малиновое солнце
Над лохматым сизым дымом…
Как хозяин молчаливый
Ясно смотрит на меня.
У него глаза такие,
Что запомнить каждый должен,
Мне же лучше, осторожной,
В них и вовсе не глядеть.
Но запомнится беседа,
Дымный полдень, воскресенье,
В доме сером и высоком
У морских ворот Невы.
Январь 1914
– Anna Akhmátova (Анна Ахматова). “Eu visitei o poeta | Я пришла к поэту в гости”.. [tradução Lauro Machado Coelho]. no livro “Poemas russos”. [organização Mariana Pithon e Nathalia Campos]. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2011, p. 63.
§