Perdidos do verde que lhes fora cor
os olhos entonteciam,
forçados a ver, cegos de Imaginação.
Dou por mim a perguntar:
que é da Beleza?
E tu que… nos olhos, nos olhos.
E, sem Imaginação, eu penso-me
enclausurada
numa casa azul em demolição
e cerro as pálpebras.
E dou por mim a perguntar:
que é da Liberdade?
E quem me responde nunca me responde,
tem o peito cheio de frios temores
diz ter que acudir, [como se Deus] aos homens,
ao mundo que ruge, animal feroz, em agonia.
Num último fulgor
desarrumo a realidade toda
para descobrir, por fim, uns fragmentos
verídicos da matéria estrelar
que compõe o meu corpo.
[É inacreditável, não é?]
Sou então traduzível à luz das estrelas
e não pergunto:
que é da Poesia?
Rompidas as metáforas até aos ossos,
ignorada a voz da criação,
o leve perfume do espírito indizível,
é ainda possível
a pura invasão do poema
nascido dos veios do carvão,
pelo canto inebriante dos pássaros
a cada amanhecer.
E não pergunto: que é de mim?
F. Blog seara de Versos
Muito bom. Gosto muito da poesia de Lídia Borges.
ResponderExcluirUm abraço e bom fim-de-semana
Obrigado, poetisa Elvira!Bravo!
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